18 profissões pagarão menos imposto

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18 profissionais pagarão menos imposto

Regulamentação da Reforma Tributária, entregue ao Congresso pelo governo, propõe alíquota reduzida de 30% do imposto geral para 18 profissões.

Importante: episódio fictício. Não estive em reunião alguma.

“Fechamos então com essas 18?” Apreensivo, Haddad tentava encerrar a reunião a todo custo. Ele sabia que quanto mais ela durasse, mais profissões seriam incluídas na lista.

“Gente, economista nessa lista tá me incomodando demais.” questionou o Ministro do Trabalho.

Lula concordou. Não suportava mais ouvir falar no tal do “mercado”. Mas ao contrário do que se pensava, a revolta tivera início em 2019, quando seu assessor de investimentos lhe vendera um COE. Desde então, cinco anos com o dinheiro preso, sem render nada. Quem diabos eles achavam que eram? Devia haver alguma lei contra perder dinheiro do Presidente. Nota mental: perguntar para o Dino depois da reunião.

“Acho importante incluirmos os economistas.” ponderou Haddad. “Depois que jogamos o arcabouço fiscal no lixo o pessoal da Faria Lima ficou meio revoltado.”

“Lá vem o outro querendo garantir pra si mesmo.” provocou o assessor.

“Mas eu não sou economista.”

“Não?! Nossa, verdade. Sempre me confundo. É que lembrei daquele seu vídeo falando que estudou economia por dois meses.” justificou. “E tá tocando a Fazenda né, a gente meio que conclui naturalmente.”

Haddad corrigiu “Eu sou advogado

“Esses ninguém discute.” interviu firmemente Dino. “Precisam entrar na lista, senão vira a maior dor de cabeça depois.”

“E tenho mestrado em Economia. E doutorado também, então mais respeito por favor!” endureceu Haddad, cada palavra saindo com o orgulho inconfundível de um egresso da USP. “Doutorado em Filosofia” disse, agora num tom de voz nitidamente mais baixo.

“Pronto! Agora ele vai querer incluir filósofo também?! E por acaso filósofo é trabalho?” Todos riram. A reunião seguiu.

“Gente, alguém sabe me explicar o que seria isso aqui? Economista doméstico?” Dino questionou e foi prontamente respondido pelo assessor.

“Iiih Ministro, esse aí ninguém sabe o que é. Mas tá naquele grupo que conversamos ontem, com bibliotecário, biólogo e museólogo. Se por acaso existir alguém formado, não tem ninguém empregado. Então não faz diferença.”

“Você tem um ponto. Que mais?”

Haddad se arriscou. E agrônomo e técnico agrícola, hein? Precisam estar aí mesmo? Já tem tanta isenção por ali…

“No agro não pode tocar, Presidente!” cravou o Ministro da Secom, quase agressivo. “Precisamos melhorar o relacionamento com eles, não andar pra trás. Falando nisso, existe profissão evangélico pra gente tentar reaproximar também?”

“Tem pastor.” respondeu o assessor. “Mas acho que não tem muito jeito de dar mais benefício.”

“Tem razão.” A reunião seguiu.

“Acredito que engenheiro, administrador, contador e estatístico também não tem muita discussão né, coitados?” argumentou Tebet. A unanimidade da sala veio em forma de silêncio.

“Aqui queria trazer um ponto essencial” intercedeu o Ministro do Trabalho. “Independente de quem entrar, precisamos exigir que estejam vinculados a um Conselho, porque senão esse pessoal vai ficar no nosso pé.”

O Presidente concordou. “Falando nisso, Haddad, o imposto sindical já está valendo?”

“Ah, senhor. O Lira né... Sentou em cima.”

Outro que Lula não conseguia digerir nos últimos dias. Ele e Padilha se entreolharam. Quando seriam mesmo as eleições pra presidência das Casas Legislativas? Nota mental: perguntar isso também para o Dino depois da reunião.

O entrosado assessor puxou a sequência “Gente, pera lá! Vai beneficiar médico veterinário, mas médico não?!” Veterinário nem é médico!” provocou. Todos riram. Lula se lembrou da invasão de escorpiões no Senado na quarta-feira, que impediu o acesso ao Plenário e sentiu um calafrio subir pela coluna. Gostava de estar cercado por animais, mas não esses. “Sobrou quem da lista?”

“Sobraram arquiteto, assistente social, educação física, químico e relações públicas. Mas esses daí estão aí de margem, pra poder colocar outras no lugar quando for negociar com o Congresso.” Novamente, unanimidade.

Fim da lista. Reunião encerrada. Todos se dirigiram à porta.

Antes de sair, Tebet se aproximou de Lula “Presidente, seu vice é médico. Não vai pegar mal eles ficarem de fora?”

“Quem é meu vice mesmo, Simone?”

“O Alckmin, senhor.“

“Putz, o Alckmin! Esquecemos de chamar ele hoje, hein?”

“Esquecemos. Mas acho que ele já se acostumou, Presidente.”

FIM

Bruno Paolinelli

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