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ESG: a Santa Trindade
A de hoje está um pouco diferente. Não teve episódio fictício em torno de uma notícia.
É que tive um sonho tão estranho que precisei compartilhar com vocês
Importante: Foi apenas um sonho.
Sonhei que frequentava eventos da Faria Lima. E nos meus sonhos comecei a notar um certo padrão.
Um leitor poderia pensar no clima de São Paulo. Quando sol, frio, quando quente, chuva. Mas se enganaria. O padrão estava no comportamento das pessoas lá presentes.
Do mega empresário, ali para ser cortejado, ao super herdeiro, ali na certeza de mega empresário. Do alto executivo, ali à caça de novos clientes, ao analista, ali porque seu chefe precisou ir a outro evento. Todos que subiam ao palco demonstravam um profundo devotamento às melhores práticas ESG.
Aquelas três letrinhas colavam como chiclete. Environment, Social e Governance (E.S.G.). Sendo em inglês, ainda melhor. Gringo adorava. Empresas que era convidadas para os painéis eram aficionadas pelo respeito ao meio ambiente. Ações sociais dominavam considerável parcela da atribulada agenda da alta gestão. Governança era o grande lema a ser seguido e os acionistas minoritários eram respeitados como se fossem os donos. Entre os gestores, companhias que não olhassem para a santa tríade eram deslocadas para a pasta Ininvestíveis de sua sofisticada plataforma Bloomberg. Rankings eram elaborados por agências do mercado, classificando empresas conforme sua dedicação ao tema.
Os organizadores dos eventos, percebendo tamanha devoção, não viam outra alternativa que não incluir painéis ao longo de seus seminários que tratassem da tal santa trindade. Especialistas estrangeiros e cientistas locais eram convidados para falar sobre o clima, sobre desigualdade e sobre transparência.
As expectativas eram grandes por parte dos organizadores e havia uma razão para tal: com tantas manifestações sobre ESG, certamente os auditórios estariam lotados, o público se debatendo pelos melhores lugares, quem sabe uma transmissão ao vivo pra que todos tivessem a oportunidade de acompanhar os painéis.
Acontece que, nos meus sonhos, as cadeiras ficavam sempre vazias. O público preferia estender seu almoço, visitar um cliente, dar uma passada no escritório logo ali na rua para conferir o desempenho dos seus investimentos naquele dia. Sonhei até que havia quem preferia ir à academia. Retornariam ao evento quando algum prestigiado gestor estrangeiro, de preferência americano, subisse no palco pra falar sobre macroeconomia e oportunidades de mercado despercebidas pelos demais.
Os auditórios, lotados e concorridos pela manhã, voltavam vazios para os painéis ESG. Vazios como os discursos daqueles que há alguns minutos haviam subido no palco.
Mas está tudo bem, afinal tudo isso não passou de um sonho.
FIM
Bruno Paolinelli
🎷 Assuntos pra você ter conversas fabulosas
💔 Duas coisas azedaram o mercado brasileiro na última sexta: dados de emprego americano mais fortes do que o esperado (logo, mais juros por mais tempo) e uma reunião privada entre Haddad e “agentes do mercado”. Acontece que o Ministro afirma ter dito uma coisa e os presentes parecem ter ouvido outra. A Bolsa decidiu acreditar na segunda opção e despencou.
🍔+ ☕ A dona do Burger King no Brasil fechou acordo para comprar a operação brasileira da Starbucks por R$ 120 milhões.
Aqui acabamos. Até domingo que vem!
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